Os aficionados ergueram bandeiras em torno de um forcado que ficou tetraplégico. Organizaram uma tourada para recolher fundos clamando que isso é a prova da solidariedade tauromáquica.
Nós chamar-lhe-íamos a prova da hipocrisia tauromáquica. A prova de que as suas consciências sabem que o referido forcado só se encontra nesse estado porque vivemos num país que permite touradas e consequentemente permite que pessoas se lesionem e fiquem no estado em que ele ficou.
A verdade é que esta gente não quer perceber que o forcado em questão se lesionou gravemente porque se pôs à frente de um touro que lutando pela sua vida, se defendeu da única forma que sabia.
Enquanto a lei permitir que as touradas existam, este caso não será único antes pelo contrário, e em última análise os responsáveis não são somente os que participam nas touradas, mas sobretudo os governantes que continuam a permitir a existência das mesmas.
Pessoas normais, não se expõem a riscos desnecessários e se se expõem então têm que arcar com as consequências dos seus actos.
Angariaram mais de 100 mil euros a favor do forcado com este festival benéfico e limparam as consciências. A indústria tauromáquica e os aficionados dormirão tranquilamente e dirão nós somos solidários e ajudámos um dos nossos.
É caso para dizer que se a hipocrisia pagasse impostos, o nosso país seria rico.
Se em vez de terem gasto o dinheiro que gastaram a comprar bilhetes para assistir à tortura de vários seres sencientes, tivessem dado esse dinheiro áqueles que se encontram nesta situação, sem terem contribuído para tal:
Isso sim era ser solidário.
Prótouro
Pelos touros em liberdade
Qdo. vejo certas atitudes, tenho vergonha de pertencer à raça humana, que se dizem racionais.
By: Baggio on 20 de Fevereiro de 2013
at 14:48
Hipocrisia é realmente a palavra chave a reter nesta situação.
O mais grave é que o forcado está de tal forma iludido que acha que vai receber este tipo de atenção para o resto da vida.
Solidariedade existe quando se realizam gestos altruístas perante vítimas de acontecimentos superiores ao seu controlo: (refugiados de guerra, crianças com cancro, animais abandonados etc..)
Na verdade, o que se fez no campo pequeno foi um acto de solidariedade se considerarmos que o Nuno Mata foi mais uma vítima da propaganda taurina. Mas aí o nível de hipocrisia sobe para valores obscenos.
A actividade dos forcados está ao mesmo nível daqueles parolos que circulam pelas estradas a altas velocidades: actos de pura estupidez e inconsciência mascarados por um falso sentimento de “honra” ou “valor”.
Será que 100 mil euros chegam para compensar uma vida de dependência? Ou será que os prótoiro vão estar atrás dele sempre que o Nuno precisar de entrar num carro ou subir umas escadas?
Tal como aquele falso amigo que convenceu outro a atirar-se de uma ribanceira em patins, completamente consciente das possíveis consequências, a comunidade tauromáquica está de consciência pesada e esta tentativa frustrada para a limpar só revela quão sujos e desprovidos de consciência são.
Resta então saber quem será o próximo desgraçado a perder as pernas numa arena..
By: Ricardo on 20 de Fevereiro de 2013
at 07:52